Empresários de Campos do Jordão reclamam de prejuízos com a fase vermelha no Natal, imposta por determinação do governo estadual, e cobram que a prefeitura flexibilize a abertura dos serviços não essenciais para o réveillon.
De acordo com os donos de bares e restaurantes, a cidade vem acumulando prejuízos com as restrições desde março.
Campos do Jordão foi uma das cidades que decidiu manter a determinação do governador João Dória (PSDB), que regrediu para a fase vermelha o estado entre os dias 25, 26 e 27 de dezembro e 01, 02 e 03 de janeiro de 2021. Com a decisão, apenas comércios essenciais poderiam funcionar. Restaurantes e bares poderiam manter apenas o delivery.
De acordo com o setor de turismo da cidade, os comerciantes acumulam prejuízos após restrições de funcionamento no inverno e cancelamento do festival de inverno, principal evento da cidade. A expectativa era de que o faturamento tivesse alguma recuperação com as festas de fim de ano.
Segundo o Sinhores, a taxa de ocupação era de 80% até o dia 22 de dezembro e, com a adesão as restrições, caiu para 30%.
“Os empresários contrataram mão de obra, planejaram estoque, investiram em atrativo para receber as pessoas. O setor já vinha perdendo e, agora, saiu no prejuízo de novo”, comentou Paulo Costa, presidente da entidade.
Ele conta que entre os dias 25 e 26 de dezembro alguns turistas decidiram permanecer na cidade. Com a restrição, os restaurantes serviram as refeições para a viagem e o calçadão do Capivari ficou cheio de turistas aglomerados, se alimentando no chão.
“Se é para pensar nas pessoas, isso as coloca muito mais em risco. Estamos cumprindo com todos os cuidados exigidos pela vigilância para não disseminar o vírus”, diz Costa.
Os empresários querem que a prefeitura dê a permissão de abertura até às 22h e, em contrapartida, seja mantida a barreira sanitária na entrada da cidade. De acordo com a gestão, há um pedido de reunião com o prefeito para discutir a pauta. Apesar disso, a gestão não confirmou se vai receber as reivindicações.
A prefeitura contesta a perda estimada pelo setor hoteleiro. Segundo a administração, a queda na arrecadação do ISSQN, em que incide o imposto de hotéis e pousadas, foi em torno de 25% até novembro. Até o último mês foram arrecadados R$ 12 milhões contra os R$ 16,2 do mesmo período de 2019.
Em nota, disse que "respeita o plano São Paulo e continuará seguindo a determinação da ciência para salvar vidas. O cumprimento das regras será fiscalizado".
Perdas
Na cidade, o setor estima perda de R$ 300 milhões com a redução do turismo por causa da pandemia. O auge da temporada na cidade é o inverno, época em que os comércios tinham rígidas restrições com a alta de casos e muitos espaços de lazer ainda não estavam funcionando.
Um dos principais atrativos de Campos do Jordão é o festival de inverno, que reúne dezenas de apresentações ao ar livre e espaços de cultura. Este ano, por causa do risco com as aglomerações, o governo havia adiado o evento para janeiro de 2021, como um atrativo fora de época na cidade, para estimular o turismo. Apesar disso, no início de dezembro anunciou o cancelamento, mantendo apenas a edição de 2021, em junho.
Segundo o Sindicato de Hotéis e Pousadas (Sinhores), nenhum estabelecimento ultrapassou ganho de 10% do valor da temporada do último ano.